quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Moda como reflexo de uma cultura

 

O que é a moda? Porquê e como é que o vestuário se tornou reflexo da nossa identidade?

Já foi há milhares de anos que nós, seres humanos, sentimos a necessidade de usar peles de animais, plantas como sapatos para protegermos o nosso corpo do ambiente envolvente. Nessa altura, não importava se a pele do animal era cinzenta, preta ou castanha, o importante era que protegia o corpo do frio.

Atualmente ainda vestimos roupa pela sua função de protetora, mas cada um de nós escolhe e tem preferência por um vestuário diferente. A moda tornou-se um fenómeno social e faz parte da estrutura cultural de cada um. Poderá ser vista como um espelho dos desdobramentos culturais de uma determinada sociedade, uma vez que evidência valores, crenças, manifestações artísticas, etc. O indivíduo veste-se de forma a manifestar a sua identidade, a linguagem visual do vestuário é um sistema de signos que expressa ideias, sentimentos, modos de comportamentos, etc, inserindo-o dentro de uma redoma social que o mesmo pertence ou deseja se inserir.

A cultura é resultante de ideias e as ações pelas quais os indivíduos, num determinado grupo, constroem significações que estruturam as suas relações sociais com os outros. O consumo na sociedade transcende de um simples ato de subsistência e passa a expressar significados que se relacionam com aspetos identitários de cada indivíduo. É a partir destes conceitos que se identifica a relação entre moda e cultura, o consumo de vestuário é um processo de construção identitária e de reconhecimento social. O consumo é, atualmente, hábito inerente na nossa sociedade.

Na nossa cultura, existe vestuário que associamos a ideias preconcebidas como o que é roupa de homem e mulher, o que é roupa formal e informal, etc. Quando optamos por uma roupa que pretende fugir aos padrões de vestuário da nossa sociedade é porque queremos passar uma mensagem, queremos destacar-nos, dizer que nós somos “isto” e temos “estes” ideias. Por exemplo, as roupas largas e ténis vistosos são associados a street wear, porque num momento da história usou se esse tipo de vestuário para quebrar costumes dessa época e começar uma subcultura a que hoje associamos a hip hop, street art, graffiti, rap, etc. O mesmo acontece com outras subculturas. Hoje em dia alguma dessas modas foram revividas e adaptadas, na verdade o que se quis construir foi acrescentar novos significados para esses ideais. Mas estes pré-conceitos da moda vão mudando ao longo da história, vejamos por exemplo as calças, era impensável uma mulher usar calças antes do 25 de abril, hoje é comum. Quando é que os homens poderão usar saias sem serem julgados pela sociedade? A nossa cultura está em constante mudança e com ela a nossa sociedade.

O signo é aquilo que, sob certo aspeto ou modo, representa algo para alguém e que o seu reconhecimento pelo sujeito ocorre mediante uma relação básica entre o representante, relaciona-se com a capacidade do sujeito de o apreender pelos sentimentos; o objeto, que viria a ser a representação do signo e que se revela pelos sentidos; e o interpretante, que seria a consciência intérprete do signo, ou seja, o seu significado construído por meio da razão do indivíduo.