Acordo, pego no telemóvel, horas datas, código, página inicial, aplicações Instagram, Twitter, Youtube e Facebook, para não falar em jogos, estes são os vícios que me ocorrem em primeiro lugar nas rotinas diárias, como à um tempo se faria o mesmo talvez com um jornal ou um radio agora faz-se mais facilmente com os polegares.
Sempre fui um grande apologista da arte de escolher o meu conteúdo em vez de me contentar com o conteúdo que me é mostrado. Foi por isso que deixei de ver televisão.A televisão está a morrer.
Tal como o “vídeo killed the radio star” o vídeo como o conhecemos está a ser transferido das televisões para a internet, já é mais comum ver pessoas atentas ao telemóvel em frente a uma televisão, do que pessoas atentas à televisão durante um filme quando têm o telemóvel consigo, o futuro é mobile, é portátil, o passado é parar e observar mas já não há tempo para isso.
Quais as consequências?
Para responder é mais fácil se o fizer da minha perspetiva, eu sou uma pessoa que gosta de pesquisar as explicações que gosta de ver o outro lado, ver fora da caixa e pensar de outras formas, gosto de pensar que sou uma pessoa de mente aberta, acontece-me portanto que quando me cruzo com alguém mais confinado ao conteúdo televisivo consigo ver que existe uma grande diferença de dinâmicas, acho que de forma geral são pessoas mais informadas mas o conteúdo não passa do mesmo, seja uma ou mais séries, seja uma opinião política, seja o que for a sua opinião é normalmente a idealização perfeita de uma opinião popular. Enquanto que a conversa com alguém com a mente mais aberta, e que pesquisa pelos seus interesses acaba por ser mais interessante e com uma dinâmica mais excitante pelo facto de haver uma troca de ideias e argumentos que podem realmente trazer uma nova perspetiva, algo que não me faça pensar “claro que eu ias dizer isso”.
Esta nova facilidade de procurarmos pelos nossos interesses particulares vai nos dando aos poucos uma personalidade mais forte, cada vez se criam mais estilos de música, modas mais variadas, formas de expressão e personalidades, à medida que evoluímos nesta era de partilha de dados mais diferentes ficamos, o que dá a ideia que quanto mais partilha de dados houver menos partilha de ideias existe, o que antes era correto porque a televisão dizia, agora é correto para uns incerto para outros e para outros definitivamente incorreto, esta divisão que é visível a olho nu mas que passa despercebida a partir do ecrã.
Existe um novo tipo de máscara na nossa sociedade, esta que nos dá a possibilidade de sermos quem quisermos sem nos preocuparmos com alguém que possa ir contra nós, o que antes era considerado obsceno está agora a ser normalizado fazendo com que muitas mentes se queiram exprimir de formas diferentes, a máscara que usamos é agora tanto aquilo que nos junta como aquilo que nos separa, e facilita muito mais a alteração da perspetiva que possamos ter de alguém, já não existe mais separações por quem é rico ou pobre, passaram a haver as de quem tem lata para fazer conteúdo ou não, e enquanto antes quem tinha lata eram atores e jornalistas de topo agora pode ser qualquer um.
Podemos já não nos reunir à volta de uma fogueira e partilhar histórias durante horas, mas conseguimos criar um grupo de Whatsapp e partilhar vídeos durante anos. Esta ideia é revoltante e triste para muitas pessoas, mas temos de abraçar o futuro, atualizar o nosso sistema operativo pois a era das comunicações veio para ficar, e quem fica preso ao cheiro das árvores vai ser comido vivo pelo Excel. É fácil dizer que por este rumo vamos todos acabar com um bang, acho que tal como antes olhávamos as estrelas, passando para os desenhos em pedras, para conversa, para o jornal, rádio e televisão acho que estamos agora num caminho em que o objetivo é juntar tudo numa só plataforma e obter nela tudo o que há de melhor na comunicação e no conteúdo que é criado.