Sem Título, Lápis de cor em Kraft, 26 x 17
cm, autoral.
“People are strange when you're a stranger
Faces look ugly when you're alone
Women seem wicked when you're unwanted
Streets are uneven when you're down”
People are strange,
The Doors. Composição: Jim Morrison / John Densmore / Ray Manzarek / Robby
Krieger
"SCÈNE VI LES ME MES, LA FOULE CRIS DANS LA FOULE A mort ! A mort ! Lapidez-le ! Déchirez-le ! A mort ! ORESTE, sans les entendre. Le Soleil ! LA FOULE Sacrilège ! Assassin ! Boucher. On t'écartèlera. On versera du plomb fondu dans tes blessures . UNE FEMME Je t'arracherai les yeux. UN HOMME Je te mangerai le foie. ORESTE, s'est dressé. Vous voilà donc, mes sujets très fidèles ! Je Suis Oreste, votre roi, le fils d'Agamemnon, et ce jour est le jour de mon couronnement. La foule gronde, décontenancée. "
Huis Clos, Jean-Paul Sartre, Éditions Gallimard, 1947.
A vida como eternidade
do confronto. Garcin, atrevendo-se a conviver com o epítome do desconforto
humano, o signo do inevitável, lança a máxima Entre Quatro Paredes: “o
inferno são os outros”.
À medida que Sartre
travestido pelo personagem de peça de teatro em Huis Clos confronta os
espectadores com a afirmativa sobre a vida e sobre a sua condição imperativa, imagens
em sequência tomam a minha mente em perspectiva sobre qual o papel desempenhado
por aqueles que rodeiam-me, os outros. Por que são?
Nascemos, vemos (minha
formação atual não me permite qualificar os vultos que os bebés enxergam, mas suponhamos
sejam a princípio sombras com cheiros), sentimos algo que não somos nós,
percebemos algo além dos nossos pequenos corpos, temos a noção de que há o outro.
Algo além de nós. Os desejos mais primitivos pelos nossos novíssimos sistemas
só são realizados pela existência do além corpus. A solitude, é uma impossibilidade
a priori. Necessitamos do outro para sobreviver.
Sim, antes de
conseguirmos existir por conta própria, necessitamos de alguém; um apoio, um resguardo,
ou até mesmo um financiador. Entretanto, houve aqueles que cristalizaram a primordialidade
da autossuficiência com a finitude da primeira infância, quando não somos mais frágeis
e indefesos para sermos lançados a nossa própria sorte, o resto se tornaria
pura comodidade. Dizem que o outro atrapalha, enviesa e incomoda. Por que de
repente o indispensável se torna dantesco?
Como uma chave a ser
virada e um interruptor a ser tocado. Penso em adolescentes se rebelando contra
os pais como uma das primeiras tomadas de consciência. Contra a própria
personificação dos primeiros outros. Aqueles que expõem as nossas fraquezas primárias
– acertos e erros, lembranças diárias das nossas projeções e testemunhas do que
foi e o que será. Talvez ao mesmo tempo, é por este olhar do outro que
reconhecemos a nós mesmos. Já que a convivência expõe nossas fraquezas, os
outros são o “inferno”.
Todavia, mesmo nos
afastando dos nossos espelhos, signos daquilo que é comum – os nossos pais,
ainda assim somos cutucados pelo incomodo do outrem, em qualquer tipo de
organização de vida há o que enxergar além do nosso próprio umbigo. O
extraordinário. Depois da segunda tomada de consciência, da percepção
De um modo ou de
outro, aquilo que é reconhecido ou não de imediato seja ele heimlich ou
não, ordinário ou extra, nós faz ter certeza e consciência da vida e da liberdade
dita por Sartre, os outrso nos fazem lembrar da inevitabilidade das nossas
liberdades de escolha. Isto é ser, em relacionar-se com o outro em um eterno
confronto para construir os próprios ciclos e signos, processo nem sempre
tranquilo e harmonioso. Estamos constantemente pintando um quadro de como
deveria ser a sociedade a partir das nossas ações.
