Eventualmente o interesse na igreja foi-se desvanecendo, a minha mãe trabalhava fora, logo tinha dificuldade em manter esse controlo, eu e as minhas irmãs percebemos que não podiamos ser obrigados a visitar o culto e eventualmente deixamos de ir. A certeza nessa palavra manteve-se durante uns anos, apenas no meu primeiro ano de filosofia na escola é que fui encorajado a pensar por mim mesmo, questionar o que acredito e a razão por trás dessas crenças. Mesmo não vendo sentido no que acreditava, recusei-me a excluir todos os aspetos da doutrina, talvez por esperança de que se um dia fosse julgado, aquela réstia de crença me pudesse levar à salvação.
Hoje, como adulto, prefiro não confrontar o que acredito, mesmo que a minha mãe insista que eu volte à igreja, com a contínua preocupação na minha salvação, prefiro abstrair-me do assunto, no entanto, diariamente encontro marcas dessas crenças passadas, existe este medo ''racional'', um medo de algo em que eu não acredito, algo que posso racionalizar e mesmo assim ser afetado, isto leva-me a ficar horas acordado, apavorado pela possibilidade de haver alguma presença ao fundo do meu quarto.
Nos tempos em que vivemos de pânico generalizado, lido com esta parte cristã da família, estórias surreais de templos e anti-cristos, assuntos que descredibilizo facilmente, mesmo que inconscientemente me continuem a afetar a saúde mental.