Ao contemplar uma imagem colocada na parede os meus
pensamentos vagueiam. Observo o conteúdo, as personagens, as cores, a escala,
as proporções…acho-a bonita, não propriamente a mais bela que já vi, contudo
numa rápida análise de um ponto de vista estético parece-me agradável. Porque
será? Como olhar para algo e não fazer um julgamento estético?
Desde pequenos que nos ensinam certos princípios
considerados “estruturais” para o futuro. Distinções como, por exemplo, entre o
bem e o mal, o sujo e o limpo, o certo e o errado e, claro, o bonito e o feio.
É algo natural da maioria dos seres aprenderem por meio da imitação/cópia. Nós,
como seres culturais que somos, apreendemos a absorver de geração em geração opiniões
já previamente formadas sobre estes conceitos ditos fundamentais. É inevitável!
Sendo assim, o juízo estético que eu realizei perante uma imagem, não foi
totalmente individual. Este é feito de acordo á minha perceção visual, obtida através
das minha vivências e opiniões, mas também das perceções dos á minha volta na
minha fase de aprendizagem. Com certeza que muitas outras pessoas discordariam
com a minha opinião relativa á imagem que observo, mas isso estará
intrinsecamente relacionado com a sua construção cultural e baseia-se nos conceitos
que lhes foram transmitidos.
O Belo, ou a noção do que é belo são signos semiológicos,
presentes apenas em seres culturais como os humanos. As vidas dos nossos
antepassados são aprendizagens que nos são transmitidas por via da linguagem e
da história influenciando-nos nas questões cruciais da vida. Considerando a
importância do juízo estético no mundo atual a arbitrariedade do belo torna-se
numa dessas mesmas questões.