segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Arbitrariedade do Belo

 

Ao contemplar uma imagem colocada na parede os meus pensamentos vagueiam. Observo o conteúdo, as personagens, as cores, a escala, as proporções…acho-a bonita, não propriamente a mais bela que já vi, contudo numa rápida análise de um ponto de vista estético parece-me agradável. Porque será? Como olhar para algo e não fazer um julgamento estético?

Desde pequenos que nos ensinam certos princípios considerados “estruturais” para o futuro. Distinções como, por exemplo, entre o bem e o mal, o sujo e o limpo, o certo e o errado e, claro, o bonito e o feio. É algo natural da maioria dos seres aprenderem por meio da imitação/cópia. Nós, como seres culturais que somos, apreendemos a absorver de geração em geração opiniões já previamente formadas sobre estes conceitos ditos fundamentais. É inevitável! Sendo assim, o juízo estético que eu realizei perante uma imagem, não foi totalmente individual. Este é feito de acordo á minha perceção visual, obtida através das minha vivências e opiniões, mas também das perceções dos á minha volta na minha fase de aprendizagem. Com certeza que muitas outras pessoas discordariam com a minha opinião relativa á imagem que observo, mas isso estará intrinsecamente relacionado com a sua construção cultural e baseia-se nos conceitos que lhes foram transmitidos.

O Belo, ou a noção do que é belo são signos semiológicos, presentes apenas em seres culturais como os humanos. As vidas dos nossos antepassados são aprendizagens que nos são transmitidas por via da linguagem e da história influenciando-nos nas questões cruciais da vida. Considerando a importância do juízo estético no mundo atual a arbitrariedade do belo torna-se numa dessas mesmas questões.