Singularidade dos Brasões
As origens da heráldica remontam ao tempo em que era imperativo
distinguir os intervenientes presentes em batalhas e torneios. Um brasão de
armas é definido não só visualmente, mas também pela sua descrição escrita em
linguagem heráldica. Ao acto de desenhar um brasão dá-se o nome de brasonar e
esse acto deve ser tido com o sentido de responsabilidade em algumas regras
escritas para o efeito. Embora a palavra escudo seja utilizada para se referir
ao brasão de armas no seu todo, na realidade é apenas um dos seus elementos.
“… se nesta obscura
província de um pequeno país (Áustria reduzida) existem tantos brasões, quantos
não haverá na Europa, em todo o globo? Não me recordo qual a ideia que eu então
fazia, se é que fazia alguma, de números grandes. Mas lembro-me de me ter
ocorrido a palavra «milhões» e me ter desanimado. Como é que algum ser humano
poderia ver, dominar tamanha pluralidade"[1]
Nos
primeiros séculos de existência da heráldica o uso de brasões era livre, isso
fazia com que qualquer pessoa pudesse criar um, para representação pessoal ou
familiar. Entre os séculos XIII e XIV foram produzidos brasões em todos os contextos
sociais, identificando corporações, cidades, comunidades leigas e
religiosas, irmandades, associações, partidos políticos e outras entidades
formais ou informais. O brasão tornou-se assim uma linguagem visual universal
muito apreciada. A partir do século XV as monarquias tentaram regulamentar a
criação e o uso dos brasões através de legislação especial, mas, essa
legislação restritiva teve escasso efeito prático. Hoje a heráldica é estudada e
fornece informações importantes para a recomposição de usos e costumes sociais e
para o conhecimento dos significados e práticas vinculados à iconografia,
à simbologia e às artes visuais.
[1]Steiner, George. Errata Ed. Relógio D’Água (1997),
p.11
