terça-feira, 13 de outubro de 2020

Singularidade dos Brasões

Figura 1: Brasão de armas Kur Salzburg; Representando:  Arquidiocese de Salzburgo,  Diocese de Eichstätt,  Diocese de Passau,  Reitor Berchtesgaden, Hungria velha, Nova Hungria, Reino da Boêmia, Fürstte Grafschaft Tirol, Grão-Ducado da Toscana,  Ducado da Lorena,  Habsburgo e Áustria


Singularidade dos Brasões

As origens da heráldica remontam ao tempo em que era imperativo distinguir os intervenientes presentes em batalhas e torneios. Um brasão de armas é definido não só visualmente, mas também pela sua descrição escrita em linguagem heráldica. Ao acto de desenhar um brasão dá-se o nome de brasonar e esse acto deve ser tido com o sentido de responsabilidade em algumas regras escritas para o efeito. Embora a palavra escudo seja utilizada para se referir ao brasão de armas no seu todo, na realidade é apenas um dos seus elementos.


“… se nesta obscura província de um pequeno país (Áustria reduzida) existem tantos brasões, quantos não haverá na Europa, em todo o globo? Não me recordo qual a ideia que eu então fazia, se é que fazia alguma, de números grandes. Mas lembro-me de me ter ocorrido a palavra «milhões» e me ter desanimado. Como é que algum ser humano poderia ver, dominar tamanha pluralidade"[1]


Nos primeiros séculos de existência da heráldica o uso de brasões era livre, isso fazia com que qualquer pessoa pudesse criar um, para representação pessoal ou familiar. Entre os séculos XIII e XIV foram produzidos brasões em todos os contextos sociais, identificando corporações, cidades, comunidades leigas e religiosas, irmandades, associações, partidos políticos e outras entidades formais ou informais. O brasão tornou-se assim uma linguagem visual universal muito apreciada. A partir do século XV as monarquias tentaram regulamentar a criação e o uso dos brasões através de legislação especial, mas, essa legislação restritiva teve escasso efeito prático. Hoje a heráldica é estudada e fornece informações importantes para a recomposição de usos e costumes sociais e para o conhecimento dos significados e práticas vinculados à iconografia, à simbologia e às artes visuais. 


[1]Steiner, George. Errata Ed. Relógio D’Água (1997), p.11