Saussure apresenta-nos “dois mundos”. O mundo natural - onde nascemos e o mundo dos significados – ao qual vamos acessando, aos poucos, e do qual não podemos voltar.
Transgredimos
de um mundo para o outro, através da linguagem e da interação com a comunidade onde
estamos inseridos.
Esta
distinção, apresentada por Saussure de uma forma tão simples, foi uma das
primeiras questões que abordámos nesta cadeira, e que, para mim, parece tão
fundamental para compreender o pensamento dos restantes autores.
Dentro
deste tema, falámos como os animais podem constituir sociedades, pois podem
organizar-se socialmente de determinada forma, mas essas mesmas sociedades não
são culturais, pois um grupo de elefantes não tem comportamentos drasticamente
diferentes de um outro grupo que se encontre num outro ponto do globo.
Já as sociedades
humanas, mudam, a vários níveis, consoante o local e a época onde se encontram e essas
alterações não são necessárias, ou seja, poderiam ser de outra forma
(arbitrariedade).
Para
mim, este foi um ponto importante, porque, por vezes, como seres culturais que
somos e rodeados de objetos manufaturados, imagens que reproduzem o real e
narrativas construídas podemos esquecer que, primeiro existe o que é natural, e depois, por cima, vamos individualmente e em conjunto acrescentando camadas de
significados.
Uma
ideia curiosa que explica muito bem o lugar “estranho” e de fronteira que ocupamos, ouvi-a de
um poeta cujo nome não me lembro:
"Os Humanos compreendem muito bem, tanto as máquinas, como os animais, mas se um dia os Humanos desaparecessem, os animais não ligariam nada às máquinas."
(Sendo que leio, neste contexto, "maquinas", como tudo o que é construido e não natural).