O
papel da mulher no mundo, a nível social, histórico e pessoal, é um tema que
tem sido muito estudado e abordado por diversos pensadores ao longo dos
tempos. A luta entre machismo e
feminismo, a luta pelos direitos iguais, pela liberdade, independência e
imposição da mulher face ao homem tem-se tornado cada vez mais forte e a
própria mentalidade da mulher vai ficando mais ampla em relação a si própria
com o passar dos tempos.
Apesar
das diferentes culturas que existem no mundo, e dos diferentes papeis que a
mulher desempenha nas mesmas, podemos considerar que em grande parte destas, a
mulher era vista como “o outro “como diria Simon Beauvoir. A mulher teria sido
feita para e a serviço do Homem, apenas se definindo em relação a ele. Não era
independente ou livre, não tinha opção de escolha.
Quando falamos de atitudes machistas, é
preciso salientar que as mesmas não são exclusivas dos Homens situação que me
deixa inconformada porque a própria mentalidade da mulher estava desenhada para
aceitar estas condições. Ao longo dos tempos tem feito parte da História e da cultura
passada de geração em geração, a ideia de que a mulher deveria de ser submissa ao
homem, algo que era incutido desde o berço. A mulher crescia a aprender como
servir o Homem, como realizar as lides domésticas, como cuidar dos filhos, como
se tornar num próprio objeto sexual. E até certo ponto não o contestava, “Eis
por que nelas a mulher não encontra motivo para uma afirmação ativa de sua
existência: ela suporta passivamente seu destino biológico. Os trabalho
domésticos a que está votada, porque só eles são conciliáveis com os encargos
da maternidade, encerram.na na repetição e na imanência “( Simon Beauvoir ,
p.83 ) era a sua realidade, e segundo a sua cultura, o que estaria certo, sendo
que maior parte das vezes a própria religião defendia essa perspetiva. Temos o
exemplo da Bíblia, grande guia da religião portuguesa, onde a mulher não é
criada ao mesmo tempo que o homem, primeiro Deus cria o homem e só depois a
mulher a partir de uma costela de Adão, apenas para matar a sua solidão. O
facto de crescerem com essas crenças, levou a que a própria mulher desenvolvesse
um pensamento machista. Se pensarmos nas pessoas mais velhas que ainda nos
rodeiam e que cresceram com este pensamento, assistimos não só nos homens, mas
nas próprias mulheres uma certa repulsa pela aquela que não cozinha para o
marido, pela que foi trabalhar enquanto que o homem ficou a cuidar dos filhos,
pela que não constitui família etc. As mentalidades foram de tal forma
implementadas na sua cabeça que elas próprias se condenavam ao serviço do Homem
e vêm-se como seres inferiores.
Hoje em dia, apesar de ainda haver
uma grande discrepância em diversas culturas entre homens e mulheres, esta conseguiu,
através de muito esforço, lutar pelos seus direitos e ter a possibilidade de escolher
o próprio rumo na sua vida, já não é do Homem, mas sim de si mesma. É ás
lutadoras dos diretos da mulher dos tempos de opressão da mesma que podemos
agradecer hoje em dia crescer a pensar em nós próprias como um individuo dono
de si mesmo, capaz de estudar, trabalhar e seguir o seu próprio sonho não como
seres inferiores e meras escravas ao serviço do homem. Hoje em dia vivemos numa
sociedade mais consciente e começamos a olhar-nos como iguais.
Na realidade o homem e a mulher
sempre andaram de mãos dadas e dependeram um do outro. A própria
reprodutibilidade da espécie não se daria sem a existência de ambos. O pecado
deu-se pela discrepância de importância que certas culturas colocaram entre
ambos. Não é mentira que eles diferem em diversos aspetos que podem levar a
pensar na existência de uma certa desigualdade, no entanto não deixam de
possuir o seu valores e capacidades que os tornam humanos de igual para igual.
Este texto procura salientar a
importância do reconhecimento, não da parte do homem, mas sim da própria mulher
em relação ao seu valor e á sua identidade individual. É no momento em que a
mulher se deixa de ver como um ser inferior e serviçal e se passa a ver como
ser capaz e singular, que a sua luta pela liberdade ganha voz, e ela própria se
passa a reconhecer como um individuo capaz de ambicionar qualquer sonho e de
partilhar as oportunidades de igual forma na sociedade pela sua capacidade
individual e não pela barreira virtual homem/ mulher.
Bibliografia:
Beauvoir, Simon (2015) O segundo sexo, Edição portuguesa, Quetzal
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