domingo, 20 de dezembro de 2020

 

O Chiaro-scuro do Aqui e do Ali

 

Por vezes na tempestade que me envolve que é a mente rápida que redemoinha por divagações vagamente alguma vez lembradas, se encontram portas; Portas metafisicas e etéricas que quando abertas e transpostas levam a uma multiplicidade de outras portas que por pensamentos velozes levam a conclusões , a respostas e perguntas que vieram doutras respostas, por um processos que chamo caminhar pela mente. Milhares e milhares de portas depois encontro-me noutras… um mestre não nos mostra o caminho, mostra onde está e como la chegar… não te mostra que porta escolher.

O sentido da vida… qual é o sentido da vida… qual não é o sentido da vida?

 

Sentado entre antecâmeras a minha mão escreve em duplicado

 Em mim o caminho errático

 que a caneta leva me leva a cavalo

por portas que eu conheceria

apenas em tempestades nevoeiradas

Sinto-me como as estrelas

Que reluzem em cantos

Do universo perdidas por entre

O nada, o buraco negro, o planeta

E os meteoros

Olhando por portas

Vejo muralhas inertes e profundas

 Que abrigam fontes profundas

Da sabedoria do universo espontânea

Que nasce em mim.

 

Oh como sois bela; e belas

Também as palavras que escreves

E feias as pessoas deste mundo

Nas feias paginas que uso

 

Por passagens interminavelmente

Não planeadas eu persigo apressadamente

O sentido de escrever que foge por mim

Deslizando pela tinta

E pelo papel … para fora deste caderno.

 

Vivendo cada segundo

Num suspense extasiante

Que me leva a loucura por momentos

 

Por momentos estou perdido

Nas infamosas eternas e etéreas intempéries

Em que o relâmpago que traz com ele o silencio

Sepulcral e ensurdecedor da tinta

 

Momentos de luz pintados na tela

De nada cegantes e atordoantes

Que me perdoam mas ficam gravados

Na minha mente

Palavras roubadas

A fontes angustiadas

Sem ser convidado

Roubo-as sem querer saber

E volto à fonte para lá beber

Sem que esquecer que convidado não vou ser

 

 

E os dias passam-se, vão-se passando. Passam-me sempre com um surrealismo, vivacidade e lucidez intemporais que eu pinto no momento atravessando outra porta e a longo desse tempo minha emudece e nos meus lábios pousam levemente todas as perguntas e respostas do universo.

 

Desta porta vejo todos os mecanismo do universo… as engrenagem giram e giram e voltam sempre ao presente.

 

Tenho as horas no pulso

A noção do tempo no cérebro

Mas o momento no coração

A velocidade é rápida

Sente a pulsação

Sente o pulso

Isto já e habito

Volta atraz

Relê

Pensa

Sente a distância

Sente a proximidade

Não há constância

Corta a velocidade

Pelo menos a metade

Volta atrás

Relê

pensa

Afinal a constância da velocidade

É ditada por mim ou por quem lê?

Não é ditada mas sim exclamada

Volta atrás

Lê em voz alta

Pensa

 

A pulsação volta mas não…

Não é momento de descanso

Quem ditou a velocidade

Foi alguém mas não a metade

Volta atrás

Rele

Pensa

Sente a liberdade no teu coração

 

A porta a que te encontras defronte dir-te-á algo sobre ti.

 

Como sentes que é a tua mente quando sou que a guio? Usas a minha voz? Usas a  de um indigente como eu? Exclamada ou interrogatória? Suave ou bela, ou ambos? Provoca-te? Chateia-te? Encanta-te? Leva numa viagem? Ou nada disso? Ou ainda mais? Parece um passeio… uma tempestade… uma discoteca abarrotada? Uma viagem aborrecida? Ou conhecer alguém pela primeira vez? Às vezes sentes o livro a gritar… ou outras vezes a sussurrar, talvez fosse como uma conversa numa tarde tardia ao sol mas isso é agora… há de ser de um café e cigarro ritualístico matinal ou numa noite sem sono e aborrecido. Outras vezes serão de uma tarde chuvosa. Não o direi mas seria o que sentirás o que eu escrevi ou a tua interpretação ou ate da tua meta-apreciação ou até da tua experiencia subjectiva do momento

 

De portal em portal viajo em folhas e palavras  que não sei o que são ou sei de todo, mas a certeza tenho embora que não seja eu um desses solipsos mas também não sei se parecem um suplicio ou ate algo que se lê desairadamente com gosto de quem preferia estar a dormir ou de quem vai numa viagem chata ou como quem se acaba de apaixonar ou de quem ganha ódio niilista e absurdista pela vida e vai para as aulas existencialistas ou de quando alguém nos lê em voz alta e deixamos de nos querer ver entretidos por outras coisas ou quando ganho rancor à leitura e ganho fome pela palavra que vem. Mas eu não sei declamar portanto não declamo, mas que se declame como quem tem amor pela música por alguém com ainda mais amor pelo sentimento e pela letra e pela corda, página, esquecimento e na cor preta da folha um passear deslumbrado e excitado como quem vê rosas labirinticamente plantadas ao sol guiando a saída, sentindo a sua fragrância remexendo no livro. O cachimbo que detias em ti transmuta-se em ouro e perplexo tu sorris e choras de felicidade de reunires-te com a tua própria alma.

 

O demónio escuta tudo

Até persegue o mudo

Espanta a morte

Mata o que se acha com sorte

 

O vilão retorna

De manhã dorme de madorna

O vilão já torna

 

Sonho que acordado

Caminho desnudado

E faço ainda algum recado

A minha alma já só tem um bocado

Desisto e o fumo mata-me a saudade

Bebo e bebo e fumo e fumo

Descontrolado resumo

Que sumo no meu turno

Volto atrás e exclamo

Que sou mais alto a exclamar

Apercebo-me enquanto vejo o espelho a quebrar

 

Tenho dois corações e apenas um esta acordado o outro está sem pulso, vejo agora que tenho três olhos e por um vejo mais alem que os outros dois juntos e vejo que na verdade tudo tem sempre a mesma característica… vibra.