O Chiaro-scuro do Aqui e do Ali
Por vezes na
tempestade que me envolve que é a mente rápida que redemoinha por divagações
vagamente alguma vez lembradas, se encontram portas; Portas metafisicas e
etéricas que quando abertas e transpostas levam a uma multiplicidade de outras
portas que por pensamentos velozes levam a conclusões , a respostas e perguntas
que vieram doutras respostas, por um processos que chamo caminhar pela mente.
Milhares e milhares de portas depois encontro-me noutras… um mestre não nos
mostra o caminho, mostra onde está e como la chegar… não te mostra que porta
escolher.
O sentido da
vida… qual é o sentido da vida… qual não é o sentido da vida?
Sentado
entre antecâmeras a minha mão escreve em duplicado
Em mim o caminho errático
que a caneta leva me leva a cavalo
por portas
que eu conheceria
apenas em
tempestades nevoeiradas
Sinto-me
como as estrelas
Que reluzem
em cantos
Do universo
perdidas por entre
O nada, o
buraco negro, o planeta
E os
meteoros
Olhando por
portas
Vejo
muralhas inertes e profundas
Que abrigam fontes profundas
Da sabedoria
do universo espontânea
Que nasce em
mim.
Oh como sois
bela; e belas
Também as
palavras que escreves
E feias as
pessoas deste mundo
Nas feias
paginas que uso
Por
passagens interminavelmente
Não
planeadas eu persigo apressadamente
O sentido de
escrever que foge por mim
Deslizando
pela tinta
E pelo papel
… para fora deste caderno.
Vivendo cada
segundo
Num suspense
extasiante
Que me leva
a loucura por momentos
Por momentos
estou perdido
Nas
infamosas eternas e etéreas intempéries
Em que o
relâmpago que traz com ele o silencio
Sepulcral e
ensurdecedor da tinta
Momentos de
luz pintados na tela
De nada
cegantes e atordoantes
Que me
perdoam mas ficam gravados
Na minha
mente
Palavras
roubadas
A fontes angustiadas
Sem ser
convidado
Roubo-as sem
querer saber
E volto à
fonte para lá beber
Sem que
esquecer que convidado não vou ser
E os dias
passam-se, vão-se passando. Passam-me sempre com um surrealismo, vivacidade e
lucidez intemporais que eu pinto no momento atravessando outra porta e a longo
desse tempo minha emudece e nos meus lábios pousam levemente todas as perguntas
e respostas do universo.
Desta porta
vejo todos os mecanismo do universo… as engrenagem giram e giram e voltam
sempre ao presente.
Tenho as
horas no pulso
A noção do
tempo no cérebro
Mas o
momento no coração
A velocidade
é rápida
Sente a
pulsação
Sente o
pulso
Isto já e
habito
Volta atraz
Relê
Pensa
Sente a
distância
Sente a
proximidade
Não há
constância
Corta a
velocidade
Pelo menos a
metade
Volta atrás
Relê
pensa
Afinal a
constância da velocidade
É ditada por
mim ou por quem lê?
Não é ditada
mas sim exclamada
Volta atrás
Lê em voz
alta
Pensa
A pulsação
volta mas não…
Não é
momento de descanso
Quem ditou a
velocidade
Foi alguém
mas não a metade
Volta atrás
Rele
Pensa
Sente a
liberdade no teu coração
A porta a
que te encontras defronte dir-te-á algo sobre ti.
Como sentes
que é a tua mente quando sou que a guio? Usas a minha voz? Usas a de um indigente como eu? Exclamada ou
interrogatória? Suave ou bela, ou ambos? Provoca-te? Chateia-te? Encanta-te?
Leva numa viagem? Ou nada disso? Ou ainda mais? Parece um passeio… uma
tempestade… uma discoteca abarrotada? Uma viagem aborrecida? Ou conhecer alguém
pela primeira vez? Às vezes sentes o livro a gritar… ou outras vezes a
sussurrar, talvez fosse como uma conversa numa tarde tardia ao sol mas isso é
agora… há de ser de um café e cigarro ritualístico matinal ou numa noite sem
sono e aborrecido. Outras vezes serão de uma tarde chuvosa. Não o direi mas
seria o que sentirás o que eu escrevi ou a tua interpretação ou ate da tua
meta-apreciação ou até da tua experiencia subjectiva do momento
De portal em
portal viajo em folhas e palavras que
não sei o que são ou sei de todo, mas a certeza tenho embora que não seja eu um
desses solipsos mas também não sei se parecem um suplicio ou ate algo que se lê
desairadamente com gosto de quem preferia estar a dormir ou de quem vai numa
viagem chata ou como quem se acaba de apaixonar ou de quem ganha ódio niilista
e absurdista pela vida e vai para as aulas existencialistas ou de quando alguém
nos lê em voz alta e deixamos de nos querer ver entretidos por outras coisas ou
quando ganho rancor à leitura e ganho fome pela palavra que vem. Mas eu não sei
declamar portanto não declamo, mas que se declame como quem tem amor pela
música por alguém com ainda mais amor pelo sentimento e pela letra e pela
corda, página, esquecimento e na cor preta da folha um passear deslumbrado e
excitado como quem vê rosas labirinticamente plantadas ao sol guiando a saída,
sentindo a sua fragrância remexendo no livro. O cachimbo que detias em ti
transmuta-se em ouro e perplexo tu sorris e choras de felicidade de reunires-te
com a tua própria alma.
O demónio
escuta tudo
Até persegue
o mudo
Espanta a
morte
Mata o que
se acha com sorte
O vilão
retorna
De manhã
dorme de madorna
O vilão já
torna
Sonho que
acordado
Caminho
desnudado
E faço ainda
algum recado
A minha alma
já só tem um bocado
Desisto e o
fumo mata-me a saudade
Bebo e bebo
e fumo e fumo
Descontrolado
resumo
Que sumo no
meu turno
Volto atrás
e exclamo
Que sou mais
alto a exclamar
Apercebo-me
enquanto vejo o espelho a quebrar
Tenho dois
corações e apenas um esta acordado o outro está sem pulso, vejo agora que tenho
três olhos e por um vejo mais alem que os outros dois juntos e vejo que na
verdade tudo tem sempre a mesma característica… vibra.